segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Reflexos dos recém-nascidos

Os recém nascidos nascem com uma série de competências, são os chamados reflexos. Os reflexos de um recém-nascido permitem que ele reaja ao ambiente em que vive e às pessoas que vê. Esses reflexos são instintivos e servem para protege-lo, e todos os bebês nascem com os mesmos reflexos.
Se bater palmas perto do rosto do seu recém-nascido, ele piscará os olhos, aperte a planta do pé e ele dobrará todos os minúsculos dedos, se apoiar o peito dele na água, verá um peixinho movimentando braços e pernas como se estivesse nadando.

No dia do parto, o cérebro do recém-nascido pesa entre 300 e 400 gramas, quatro vezes menos que o de um adulto. Para que se desenvolva completamente, é preciso que todas as células nervosas estejam cobertas por uma substância branca gordurosa chamada mielina. Essa camada é a responsável pela transmissão de impulsos nervosos do cérebro para o corpo. "Este processo de cobertura, chamado de mielinização, começa no segundo trimestre de gestação, atinge o seu período mais intenso quando a criança tem 8 meses e continua até o segundo ano de vida", afirma o neuropediatra Luiz Celso Amaral.

Com o cérebro em formação, as reações são instintivas. E esses reflexos são muito importantes para o crescimento da criança. "Indicam que o cérebro está se desenvolvendo e trabalhando de forma correcta. E também têm a função de ajudar a criança a perceber as fronteiras entre seu corpo e o mundo", diz a neuropediatra Saada Ellovitch.

São seis os reflexos mais importantes e há mais de 15 exercícios feitos na maternidade para testá-los. Eles desaparecem quando a maior parte das células é recoberta pela mielina, por volta do sexto ou sétimo mês, e a conexão entre cérebro e corpo melhora. A partir do terceiro mês, já é capaz de fazer alguns movimentos voluntários, como sustentar o pescoço. Isso porque o amadurecimento da medula se dá no sentido da cabeça para os pés.
Os movimentos reflexos começam ainda na gravidez, entre a 28a e a 35a semana, como a sucção. "Ela e o choro são reações vitais para a sobrevivência e a proteção do bebé. O movimento de mamar aparece ainda no útero", afirma o fisioterapeuta Marcus Vinicius Marques de Moraes. Imediatamente após o parto se a boca do recém-nascido for colocada em contato com qualquer objecto, ele tentará abocanhá-lo. Alguns reflexos ficam por mais tempo, como o de Moro, em que a criança, sentindo-se desequilibrada ou assustada por um ruído forte, joga a cabeça para trás e estica braços e pernas. Isto até os 5 meses.

Mais do que uma exibição de habilidades para os pais, os reflexos são uma fonte de pesquisa para os pediatras. Ao menos seis desses movimentos – marcha, sucção, pontos cardeais (toca-se os cantos da boca ou lábios inferior e superior e a criança vira a cabeça em direção ao toque como se quisesse mamar), preensão das mãos, do pés e reflexo de Moro — devem ser reavaliados nas primeiras consultas pediátricas.
Os exames servem para evitar que a criança tenha pouco ou nenhum atraso no seu desenvolvimento. É uma acção preventiva", diz a neonatologista Marina de Moraes Barros. "Quanto mais reflexos observados, melhor. Porém, com esses seis já é possível saber se a criança é saudável. O importante é o resultado do conjunto, e não de um reflexo isolado", ressalta Marina.
Tão importante quanto ter os reflexos, é perdê-los. O crescimento da circunferência da cabeça e o desaparecimento dos reflexos indicam que o bebê está cumprindo as etapas: vai primeiro sentar, depois gatinhar – mesmo que seja um pouquinho, depois ficará em pé, apoiado em algo, para depois andar. E falará até aos 2 anos. A falta destas respostas indicam aos médicos uma possível lesão neurológica que, dependendo do tipo, pode ou não ter comprometimento no futuro, como um desenvolvimento motor e neurológico mais lento. É possível amenizar o problema com fisioterapia. Infecções na gravidez e hipertensão grave, por exemplo, podem prejudicar a formação da mielina ainda na gestação.

O fisioterapeuta Marcus Vinicius Marques de Moraes avaliou os reflexos de bebés com idades entre 14 dias e quatro meses. Queria descobrir se existe uma relação entre o desenvolvimento motor, alimentação, problemas no parto e a amamentação. Concluiu que: "Bebés gordos movimentam-se menos e, nos de baixíssimo peso, o cérebro não se desenvolve como deveria. Demoram a passar dos movimentos reflexos para os voluntários".
Bebés prematuros são apontados como os de maior risco para sequelas neurológicas porque nascem antes de o organismo estar completo. "A finalização do amadurecimento neurológico desses bebés ocorre fora do útero, o que faz seu desenvolvimento ser mais lento. Eles nem fazem os mesmos testes de reflexos que as crianças nascidas depois de 38 semanas", diz a neuropediatra Saada.
Gordos, magrinhos, prematuros ou não, os recém-nascidos querem entender o mundo à sua volta e, para isso, precisam de estímulos. Quanto mais os pais os tocarem, melhor.
Eles se sentem amparados e seguros quando os pais entendem a sua linguagem: um resmungo para avisar que a fralda está suja ou um choro para indicar que quer colinho.

Reflexo de Moro – O bebé joga a cabeça para trás, estica as pernas, abre os braços e os fecha depois. Surge quando o recém-nascido se sente desequilibrado ou assustado. Desaparece por volta do segundo ou terceiro mês de idade.

Marcha reflexa – Colocado em pé, com apoio nas axilas, ele ergue uma perna dando a impressão de estar andando. É o primeiro a desaparecer. Desaparece até o fim do primeiro mês.
Sucção e busca pelo seio – O bebé abre a boca e suga o que aparece à sua frente. Ao tocar qualquer região em torno da boca, ele vira o rosto para o lado estimulado. A busca pelo seio desaparece por volta do segundo mês, quando o reflexo da sucção passa a ser voluntário.

Preensão palmar e plantar (Babinski)– pode ser pesquisado nas mãos e nos pés. O recém-nascido agarra o dedo da mãe com força, se ela colocar um dedo na sua mão. Costuma desaparecer por volta do terceiro mês.
No pé, se pressionar levemente a sola do pé do bebé, os dedinhos dele se dobrarão para baixo. Se acariciar a lateral da sola faz com que os dedos se abram e o dedo grande se estenda para cima. Este reflexo é visivel até o sétimo ou oitavo mês.

Tônico-cervical – Com o bebé deitado, o médico gira a cabeça do bebé para o lado, a criança tende a estender este braço e dobrar o outro. É chamado de posição de esgrimista. Costuma desaparecer no terceiro mês.

Gatinhar – De bruços, o bebé estica as pernas, como se tentasse rastejar, quando alguém lhe dá apoio nos pés. Desaparece por volta do quinto mês.

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