Os recém nascidos nascem com uma série de competências, são os chamados reflexos. Os reflexos de um recém-nascido permitem que ele reaja ao ambiente em que vive e às pessoas que vê. Esses reflexos são instintivos e servem para protege-lo, e todos os bebês nascem com os mesmos reflexos.
Se bater palmas perto do rosto do seu recém-nascido, ele piscará os olhos, aperte a planta do pé e ele dobrará todos os minúsculos dedos, se apoiar o peito dele na água, verá um peixinho movimentando braços e pernas como se estivesse nadando.
No dia do parto, o cérebro do recém-nascido pesa entre 300 e 400 gramas, quatro vezes menos que o de um adulto. Para que se desenvolva completamente, é preciso que todas as células nervosas estejam cobertas por uma substância branca gordurosa chamada mielina. Essa camada é a responsável pela transmissão de impulsos nervosos do cérebro para o corpo. "Este processo de cobertura, chamado de mielinização, começa no segundo trimestre de gestação, atinge o seu período mais intenso quando a criança tem 8 meses e continua até o segundo ano de vida", afirma o neuropediatra Luiz Celso Amaral.
Com o cérebro em formação, as reações são instintivas. E esses reflexos são muito importantes para o crescimento da criança. "Indicam que o cérebro está se desenvolvendo e trabalhando de forma correcta. E também têm a função de ajudar a criança a perceber as fronteiras entre seu corpo e o mundo", diz a neuropediatra Saada Ellovitch.
São seis os reflexos mais importantes e há mais de 15 exercícios feitos na maternidade para testá-los. Eles desaparecem quando a maior parte das células é recoberta pela mielina, por volta do sexto ou sétimo mês, e a conexão entre cérebro e corpo melhora. A partir do terceiro mês, já é capaz de fazer alguns movimentos voluntários, como sustentar o pescoço. Isso porque o amadurecimento da medula se dá no sentido da cabeça para os pés.
Os movimentos reflexos começam ainda na gravidez, entre a 28a e a 35a semana, como a sucção. "Ela e o choro são reações vitais para a sobrevivência e a proteção do bebé. O movimento de mamar aparece ainda no útero", afirma o fisioterapeuta Marcus Vinicius Marques de Moraes. Imediatamente após o parto se a boca do recém-nascido for colocada em contato com qualquer objecto, ele tentará abocanhá-lo. Alguns reflexos ficam por mais tempo, como o de Moro, em que a criança, sentindo-se desequilibrada ou assustada por um ruído forte, joga a cabeça para trás e estica braços e pernas. Isto até os 5 meses.
Mais do que uma exibição de habilidades para os pais, os reflexos são uma fonte de pesquisa para os pediatras. Ao menos seis desses movimentos – marcha, sucção, pontos cardeais (toca-se os cantos da boca ou lábios inferior e superior e a criança vira a cabeça em direção ao toque como se quisesse mamar), preensão das mãos, do pés e reflexo de Moro — devem ser reavaliados nas primeiras consultas pediátricas.
Mais do que uma exibição de habilidades para os pais, os reflexos são uma fonte de pesquisa para os pediatras. Ao menos seis desses movimentos – marcha, sucção, pontos cardeais (toca-se os cantos da boca ou lábios inferior e superior e a criança vira a cabeça em direção ao toque como se quisesse mamar), preensão das mãos, do pés e reflexo de Moro — devem ser reavaliados nas primeiras consultas pediátricas.
Os exames servem para evitar que a criança tenha pouco ou nenhum atraso no seu desenvolvimento. É uma acção preventiva", diz a neonatologista Marina de Moraes Barros. "Quanto mais reflexos observados, melhor. Porém, com esses seis já é possível saber se a criança é saudável. O importante é o resultado do conjunto, e não de um reflexo isolado", ressalta Marina.
Tão importante quanto ter os reflexos, é perdê-los. O crescimento da circunferência da cabeça e o desaparecimento dos reflexos indicam que o bebê está cumprindo as etapas: vai primeiro sentar, depois gatinhar – mesmo que seja um pouquinho, depois ficará em pé, apoiado em algo, para depois andar. E falará até aos 2 anos. A falta destas respostas indicam aos médicos uma possível lesão neurológica que, dependendo do tipo, pode ou não ter comprometimento no futuro, como um desenvolvimento motor e neurológico mais lento. É possível amenizar o problema com fisioterapia. Infecções na gravidez e hipertensão grave, por exemplo, podem prejudicar a formação da mielina ainda na gestação.
O fisioterapeuta Marcus Vinicius Marques de Moraes avaliou os reflexos de bebés com idades entre 14 dias e quatro meses. Queria descobrir se existe uma relação entre o desenvolvimento motor, alimentação, problemas no parto e a amamentação. Concluiu que: "Bebés gordos movimentam-se menos e, nos de baixíssimo peso, o cérebro não se desenvolve como deveria. Demoram a passar dos movimentos reflexos para os voluntários".
Bebés prematuros são apontados como os de maior risco para sequelas neurológicas porque nascem antes de o organismo estar completo. "A finalização do amadurecimento neurológico desses bebés ocorre fora do útero, o que faz seu desenvolvimento ser mais lento. Eles nem fazem os mesmos testes de reflexos que as crianças nascidas depois de 38 semanas", diz a neuropediatra Saada.
Gordos, magrinhos, prematuros ou não, os recém-nascidos querem entender o mundo à sua volta e, para isso, precisam de estímulos. Quanto mais os pais os tocarem, melhor.
Eles se sentem amparados e seguros quando os pais entendem a sua linguagem: um resmungo para avisar que a fralda está suja ou um choro para indicar que quer colinho.
Reflexo de Moro – O bebé joga a cabeça para trás, estica as pernas, abre os braços e os fecha depois. Surge quando o recém-nascido se sente desequilibrado ou assustado. Desaparece por volta do segundo ou terceiro mês de idade.
Reflexo de Moro – O bebé joga a cabeça para trás, estica as pernas, abre os braços e os fecha depois. Surge quando o recém-nascido se sente desequilibrado ou assustado. Desaparece por volta do segundo ou terceiro mês de idade.
Marcha reflexa – Colocado em pé, com apoio nas axilas, ele ergue uma perna dando a impressão de estar andando. É o primeiro a desaparecer. Desaparece até o fim do primeiro mês.
Sucção e busca pelo seio – O bebé abre a boca e suga o que aparece à sua frente. Ao tocar qualquer região em torno da boca, ele vira o rosto para o lado estimulado. A busca pelo seio desaparece por volta do segundo mês, quando o reflexo da sucção passa a ser voluntário.
Preensão palmar e plantar (Babinski)– pode ser pesquisado nas mãos e nos pés. O recém-nascido agarra o dedo da mãe com força, se ela colocar um dedo na sua mão. Costuma desaparecer por volta do terceiro mês.
No pé, se pressionar levemente a sola do pé do bebé, os dedinhos dele se dobrarão para baixo. Se acariciar a lateral da sola faz com que os dedos se abram e o dedo grande se estenda para cima. Este reflexo é visivel até o sétimo ou oitavo mês.
Tônico-cervical – Com o bebé deitado, o médico gira a cabeça do bebé para o lado, a criança tende a estender este braço e dobrar o outro. É chamado de posição de esgrimista. Costuma desaparecer no terceiro mês.
Gatinhar – De bruços, o bebé estica as pernas, como se tentasse rastejar, quando alguém lhe dá apoio nos pés. Desaparece por volta do quinto mês.
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